Miola: Máquina do governo gaúcho funciona como comitê eleitoral de Eduardo Leite
Tempo de leitura: 4 min
Máquina do governo gaúcho funciona como comitê eleitoral de Eduardo Leite
Por Jeferson Miola, em seu blog
Eduardo Leite é um político jovem, mas de ideias obsoletas, que acalenta mais que sonhos. Ele é movido pela obsessão compulsiva de ser candidato à presidência do Brasil.
Frustrado depois de perder para João Doria a [natimorta] candidatura do PSDB nas prévias de 2022, Leite então se auto-consolou com a reeleição ao governo do estado do Rio Grande do Sul. E ele só conseguiu se reeleger graças à decisão do PT de apoiá-lo para evitar o mal maior, que seria a vitória do candidato bolsonarista Onyx Lorenzoni.
No governo, Leite nunca governou de fato, só fez política, no pior sentido do termo; ou seja, converteu a máquina do governo gaúcho em comitê eleitoral permanente para alavancar seu desejo obsessivo de concorrer à presidência da República.
Lula até sugeriu-lhe candidatar-se ao Senado na eleição de 2026 para viabilizar uma barreira democrática contra a ofensiva extremista naquela Casa, mas Leite desdenhou do convite porque está decidido a se candidatar ou se associar à ultradireita em oposição ao próprio Lula.
No quinto mês do segundo ano do seu governo, em maio de 2024, o Rio Grande foi atingido dramaticamente pelo evento climático severo e seus efeitos catastróficos para a população e para a economia gaúcha.
Leite aproveitou a tragédia das enchentes como uma oportunidade de ouro, e surfou nas ondas da inundação para se projetar nacionalmente com um discurso hostil e oportunista contra o governo Lula.
É até compreensível que por mesquinharia política e antipetismo atávico o governador não consiga expressar a gratidão devida ao presidente Lula por tudo o que o governo federal fez e continua fazendo no esforço de reconstrução econômica, infraestrutural, humanitária e social do Rio Grande do Sul.
O que não é issível, no entanto, é a desonestidade política do governador, que se escora na mídia amiga para ocultar a autoria de iniciativas federais e para mentir sobre o inédito e mega-apoio da União a uma unidade da Federação depois da tragédia.
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Na rememoração do primeiro ano das enchentes, Leite se superou no uso da máquina do governo gaúcho como comitê eleitoral e no oposicionismo sectário ao governo Lula.
Usando dinheiro público e funcionários do governo, o governador produziu e distribuiu um filme de caráter eleitoral cujo título é exatamente o mesmo do slogan da candidatura dele na eleição de 2022: “Todos Nós por Todos Nós”.
O filme tem a duração de 42 minutos e 14 segundos dum conteúdo laudatório e auto-promocional. Leite aparece em 9 minutos e 2 segundos, 21,83% do tempo total do filme.
A bancada do PT na Assembléia Legislativa denunciou este escândalo ao Ministério Público, entendendo que é “possível se concluir de forma objetiva que o filme não é sobre o papel dos gaúchos perante a tragédia de maio de 2024 e nem sobre o papel do Governo do Estado nos fatos, mas para exaltar a participação de Eduardo Leite nos eventos”.
O filme é uma peça de ficção que mente e esconde da população o papel decisivo do governo Lula durante a tragédia e na reconstrução do Estado.
E não é nada trivial o apoio do governo Lula ao RS. Ao todo, são 111,6 bilhões de reais reservados para o Estado em menos de um ano.
Desse montante, R$ 89 bilhões já tinham sido aplicados pela União até abril ado para recuperar a infraestrutura das cidades e das regiões; para estimular a economia local e regional mediante apoio a empresários da indústria, comércio, serviços e a trabalhadores autônomos; no ree direto às famílias para a reconstrução das suas vidas; para a aquisição de moradias e, claro, em dinheiro depositado diretamente no cofre do governo estadual.
Para se entender a magnitude de tais aportes federais ao Rio Grande do Sul e que fizeram o PIB gaúcho crescer 4,9% em 2024, acima da média nacional de 3,4%: em 2024, o orçamento do governo estadual foi de R$ 83 bilhões, e, em 2025, é de R$ 86,6 bi.
Com essa dinheirama toda irrigando os cofres públicos e a economia gaúcha, Leite pode gozar a vida com prazer e circular à vontade nas festinhas e eventos com ruralistas no interior do RS, em convescotes com as elites financeiras no centro do país e em enclaves ultraliberais e conservadores no estrangeiro, como o do BTG Pactual em Nova Iorque há alguns dias.
O que Eduardo Leite menos faz é governar o Rio Grande do Sul. Nas redes sociais, ele ostenta a vida glamourosa e de celebridade que pode levar graças ao governo Lula. O que se vê ali é alegria, alegria; uma festa permanente.
No mundo virtual, o narcisista aparenta uma juventude descolada, que no entanto esconde o personagem real, dotado das mesmas idéias obsoletas, ultraliberais e antipetistas da vanguarda do atraso que historicamente condena o povo brasileiro ao retrocesso.
Recentemente, Leite viajou a São Paulo –numa sexta-feira normal, dia de trabalho [9/5], provavelmente com dinheiro público–, para uma atividade partidária.
Ele foi se filiar ao PSD para avançar seus movimentos no tabuleiro da eleição de 2026, que é só nisso que ele pensa e deseja desde 2022.
No fim, poderá ser consolado como candidato a vice do bolsonarista Tarcísio de Freitas, emprestando um falso verniz de moderação e modernidade à opção fascista das oligarquias dominantes contra Lula.
*Este artigo não representa obrigatoriamente a opinião do Viomundo.
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Comentários
marcio gaúcho
… e os empresários da indústria, comércio e do agro pop firmes no apoio ao pré-candidato, locumpletando-se na bacia das almas do dinheiro público! Vergonha!
Nelson
Complementando o que diz o título do artigo do Miola, eu diria que não só a máquina do governo foi colocada a “vender” Eduardo Leite como o grande nome para a presidência do país. A máquina midiática também foi colocada nesta campanha de divulgação da imagem do “Fala Mansa” como um grande homem público, um grande realizador.
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Desde que assumiu o Piratini, em janeiro de 2019, Leite absolutamente nada fez em benefício de 99% dos gaúchos. Dedicou-se apenas a dar sequência, acelerada, ao desmantelamento do aparato estatal gaúcho. Desmantelamento que já vinha sendo impulsionado fortemente por governos privatistas/entreguistas do tipo de Antônio Brito, Germano Rigotto, Ieda Crusius e José Sartori.
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Por óbvio, se esse desmantelamento do aparato estatal não vem em benefício da grande maioria do povo, a alguém traz benefícios. E esse alguém é, claro, o grande capital. E que benefícios: lucros suculentíssimos, sempre crescentes, às custas do povo gaúcho.
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Pois essa foi a obra de Eduardo Leite desde 2019 até aqui. E, dos órgãos da mídia hegemônica, e de seus comentaristas, não se vê ou ouve a mais mínima crítica. Quando não faz “babação total, e asquerosa, em torno da figura do (des)governador, essa mídia divulga somente notícias amenas de seu governo.
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Muito provavelmente, deve estar correndo uma dinheirama fabulosa para a construção de Eduardo Leite como candidato ideal à presidência da república. E eu não duvido, nem um pouco, de que ele chegue lá, em 2026 ou em 2030.
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Afinal, lamentavelmente, apesar de dizer que não se deixa levar por “conversa mole”, “conversa prá boi dormir”, o povo, de um modo geral, adora um “Fala Mansa” do tipo do Leite.
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Eduardo Leite tem todos os atributos para ser o candidato ideal para o sistema dominante. Ah, não tem “densidade” eleitoral no restante do país, dizem alguns. Para mim, nada que uma exposição midiática intensiva, diária, contumaz – seguindo a lição prescrita por Goebbels -, durante uns seis ou oito meses, não o transforme em alguém popularíssimo por todo o Brasil.
Nelson
O resultado da análise que expus no comentário anterior:
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No segundo turno de 2022, cheguei em frente à urna, tampei o nariz, mas ainda assim não consegui votar no Leite; e acabei anulando o voto para governador mais uma vez. No segundo turno de 2018, entre Sartori e Leite, eu já havia anulado o voto.
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Desta forma, me recusei, terminantemente, a seguir a orientação da cúpula do PT de que deveríamos votar no Leite para evitar a vitória do Lorenzoni.
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Além dos argumentos que expus acima como justificativa para não votar no Leite, havia ainda o fato de ele ser membro de um partido feito de privatistas/entreguistas, um partido ferrenhamente antipovo, o PSDB. E no PSDB e em outros da direita eu não voto, nem atado.
Nelson
Concordo plenamente com o que disseste de Eduardo Leite, meu caro Oliveira.
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A minha avaliação em 2022 era exatamente a de que Leite era muito mais perigoso do que o Lorenzoni. Nas discussões que fazia, eu afirmava isto e explicava:
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“Se você pegar dez pessoas, três ou quatro dirão que têm aversão ao Lorenzoni. E a tendência, ao longo do tempo, é de que essa aversão aumente, pois o sujeito é asqueroso, talvez não tanto quanto seu grande chefe, mas ainda assim asqueroso.”
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“De outra parte, se você pegar dez pessoas, quantas não se deixarão apaixonar por Eduardo Leite? Uma, duas, quando muito. O cara é um ‘Fala Mansa’, não agride ninguém, costuma conversar sobre tudo e apresentar propostas para isso e aquilo. Certo, propostas sempre do agrado somente do grande capital, mas que a mídia hegemônica se encarrega de “vender” ao povo como boas para todos.”
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E eu completava:
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“Na minha visão, Leite é o candidato ideal para o sistema dominante, pois trata-se de um neoliberal extremado, fanatizado até e vai levar um monte de votos dos gays. Além disso, é relativamente jovem, carinha bonita e ainda tem o trunfo da ‘fala mansa’, característica que costuma cativar facilmente a muitos incautos, inocentes e desavisados.”
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Continua no próximo comentário.
Ricardo Oliveira
Este cidadão é muito mais perigoso que Bolsonaro, ardiloso, maquiavélico, tem o que falta no MINTO inteligência, se deixarem ganhar a eleição presidencial vai fazer o que a elite entreguista brasileira tenta desde FHC vender o Brasil, esta é a meta da burguesia nacional, desmontar os avanços dados por Getúlio, golpear de vez um projeto de nação que a esquerda modestamente tem tentado implantar, é um projeto gestado há anos e que o rapaz protegido pela mídia corporativa vai faze, é o perfil perfeito que a direita tem pra mostrar, jovem, polido, pouco desgastado, o novo velho, um lobo em pele de cordeiro.
Zé Maria
Fiquem de Olho nas Doações de Campanhas Eleitorais
do Agro, da FeComércio e Fiergs – Escamoteadas.
E das Multinacionais que se apropriaram das Estatais.