Hugo Souza: Se é para revogar decretos por tuítes irritadiços, melhor dar chave da Fazenda a um faria limer

Tempo de leitura: 2 min
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Formas de ouvir o país

Se é para revogar decretos por causa de tuítes irritadiços, melhor entregar a chave da Fazenda a algum faria limer que o usa o troco da “farinha” ou do almoço no Baleia Rooftop para comprar bots no X.

Por Hugo Souza, no Come Ananás

Horas depois de baixar um decreto com novas regras para o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), o governo Lula decidiu recuar da taxação em 3,5% das aplicações feitas por fundos de investimento brasileiros no exterior.

Esses fundos especulativos não pagavam nem IOF nem Imposto de Renda sobre o dinheiro que usam para fazer dinheiro fácil em outros países, ainda mais fácil e com menor risco que no Brasil.

Ou melhor: seguirão nada pagando em impostos, após a revogação a jato do decreto. O Ministério da Fazenda disse que decidiu pelo recuo após “ouvir o país”.

Em matéria sobre o recuo da Fazenda, a Folha informa que a plataforma BuzzMonitor identificou nesta quinta-feira, 22, 1.500 postagens nas redes sociais com menções às novas regras do IOF. A plataforma chama essas 1.500 postagens – repetindo: apenas 1.500 postagens – de “pico histórico” e informa que 74% delas tinham conotação negativa.

Caso o governo comece a revogar decretos de controle de pragas, como a proliferação de abutres, por causa de 1.110 tuitadas irritadiças, seria o caso de entregar a chave do Ministério da Fazenda a algum “faria limer” que o usa o troco da “farinha” ou do almoço mediterrâneo no Baleia Rooftop para comprar bots no X.

No Estadão, matéria sobre o decreto publicada antes do recuo do governo dizia que a cobrança de 3,5% sobre o valor da especulação rentista no exterior “poderá inviabilizar esse tipo de investimento, o que tem sido considerado um grande retrocesso por especialistas”.

Enquanto revoga a jato medida desvantajosa para o “investidor”, seguem vigentes as medidas de arrocho ao trabalhador, ao professor e ao estudante que num tempo que já vai longe tinha-se o propósito de reverter.

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Parece que ninguém no governo foi “ouvir o país” para revogar os cortes quentinhos nas Universidades, nem o arrocho de mais de R$ 30 bilhões no Orçamento, e a revogação da reforma trabalhista de Michel Temer sumiu do horizonte ainda na época de outro “ajuste”: da primeira para a definitiva versão do “programa de reconstrução e transformação do Brasil” – o plano de governo apresentado pela coligação “Brasil da Esperança” em 2022.

Na primeira versão do plano de governo Lula-Alckmin, constava “a revogação da reforma trabalhista feita no governo Temer e a construção de uma nova legislação trabalhista”.

Na derradeira, ajustou-se para “reconstrução da seguridade e da previdência social, para ampla inclusão dos trabalhadores e trabalhadoras, por meio da superação das medidas regressivas e do desmonte”.

Alguém se lembra do nome do grande cúmplice de Temer na instauração do reino da vara e do chicote, na reforma trabalhista de 2017? Foi Rodrigo Maia, então presidente da Câmara dos Deputados.

Hoje, Rodrigo Maia é presidente da Confederação Nacional das Instituições Financeiras, poderoso lobby das aves de rapina necrófagas, essas referidas pelos jornalões como “especialistas” e a quem o Ministério da Fazenda se refere, no duro, quando fala em “ouvir o país”.

*Este artigo não representa obrigatoriamente a opinião do Viomundo.

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Comentários

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Nelson

ESTAS SÃO INFORMAÇÕES SOBRE AÇÕES DO GOVERNO LULA III ENVIADAS POR SUA COMUNICAÇÃO:

Energia mais barata para todos os brasileiros. 💡
O governo do presidente Lula enviou hoje ao Congresso Nacional a Medida Provisória que visa reestruturar o setor elétrico no Brasil. A MP propõe:
– gratuidade na conta de luz para 60 milhões de pessoas ✅
– ⁠desconto na conta de luz para 55 milhões de pessoas ✅
– abertura de mercado para gerar concorrência ✅
– ⁠justiça tarifária: quem consome mais, paga mais ✅
Assim como a proposta do fim do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, a MP do setor elétrico é um o decisivo no combate às desigualdades no Brasil. 🇧🇷

📲 Digital/PR
🔁 Governo do Brasil



Diante do que li, tive que escrever
UM BREVE COMENTÁRIO CRÍTICO AO COMUNICADO.

Sim, eu sei que na atual conjuntura, de correlação de forças amplamente desfavorável, é impossível pedir medidas mais incisivas para, pelo menos, reduzir um pouco o poder desmesurado que o grande capital privado exerce sobre o setor de energia elétrica.

Mas, cá entre nós, o que temos aqui é a amenização da penúria dos mais pobres, aliviando seus gastos com a energia elétrica, a penalização dos setores médios e remediados da população, que continuarão a pagar tarifa elevada, enquanto os lucros fabulosos do grande capital estarão preservados.

Enfim, é, outra vez, o Estado que está a garantir alguma paz e justiça social no país e também os lucros do grande capital privado. Mais uma vez, vemos se confirmar a assertiva do eminente economista canadense, John Kenneth Galbraith: “tire-se o Estado da economia e o capitalismo não dura um dia sequer”.

Vemos se confirmar também que a solução verdadeira para a questão da energia elétrica a, inexoravelmente, pela reestatização integral do setor. Se quisermos ter energia elétrica fornecida a preço justo para o nosso povo e também para as micro, pequenas e médias empresas – para viabilizar a reindustrialização do país – não há outro caminho a seguir.

Então, os responsáveis pela comunicação do governo Lula III poderiam nos poupar dessa alegação absurda de que o governo procederá à “abertura de mercado para gerar concorrência”. Lérias. Concorrência num setor monopólico por natureza?

O setor elétrico era uno e quase todo estatal. Então, o governo do entreguista-mor, Fernando Henrique Cardoso, o dividiu em três segmentos, geração, transmissão e distribuição.

FHC alegava que abrindo o setor à concorrência os preços da energia iriam baixar. “Conversa pra boi dormir”, como dizia o meu pai; essa redução de preço nunca se consumou. Pelo contrário, as tarifas de energia elétrica subiram muito acima da inflação após a entrega do setor ao capital privado, evidenciando que a privatização visava apenas abrir espaço para mais negócios e lucros do grande capital privado.

Fragmentado o setor elétrico em três segmentos, grandes corporações privadas ariam a “repartir o butim”, certas de que caberia ao povão, pequeno e médio empresariado incluídos, graças a tarifas escorchantes, garantir seus suculentos lucros.

Nelson

O discurso simplesmente não fecha com a prática. Fala-se em reindustrializar o país, mas nada é feito para recuperar, para estrito controle estatal, setores como energia elétrica, petróleo, saneamento, infraestrutura de transportes, etc.

Vamos olhar a coisa pela lógica capitalista. Tudo, ou praticamente tudo, está privatizado e nada se faz para reverter o quadro. Pelo contrário, o governo Lula III vem privatizando a rodo, rodovias, ferrovias e até hidrovias.

Assim, como é que as empresas brasileiras vão conseguir sobreviver se obrigando a pagar tarifas escorchantes?

Não, as tarifas não vão baixar, simplesmente porque quem está a fornecer todos esses insumos, empresas privadas, querem é extrair o máximo de lucro que puderem; não estão nem aí, não têm qualquer compromisso com um projeto de país.

Não há milagres. Não podemos exigir que as empresas privadas no coletivo, na comunidade, na nação. Tais empresas existem para extraírem lucros, crescentes, para seus donos e/ou acionistas. Essa é a sua lógica, inarredável, de funcionamento.

Assim, se o objetivo é realmente a recuperação e reconstrução do país, não há outro caminho a não ser o de colocar o Estado novamente no comando firme da nação.

Nelson

Não há uma privatização sequer que tenha entregado aquilo que a avassaladora propaganda prometia. Dizia a propaganda que, no quase-paraíso em que aríamos a viver a partir das privatizações, aríamos a pagar preços e tarifas mais baixos para produtos e serviços de melhor qualidade.

Nem uma nem outra. Pelo contrário, os preços e tarifas aumentaram muito acima da inflação. Já a qualidade de produtos e serviços, quando não caiu ficou no mesmo nível da oferecida pelo Estado.

Um dos problemas é que o PT está apinhado de “liberais” e essa turma comporta a maioria da parte do partido que ocupa cargos no governo federal. Não se expõem abertamente, mas são liberais – ainda que o liberalismo econômico não e de uma quimera – e não têm um projeto verdadeiro de reconstrução e reindustrialização do país.

A reconstrução do Brasil a, inexoravelmente, pela reestatização de todo o patrimônio e riquezas que são do povo, mas que foram entregues criminosamente por vendilhões da pátria ao grande capital, nacional e estrangeiro.

E a também, entre outras medidas, pela revogação das “reformas” Trabalhista, da Previdência, do “Teto dos Gastos”, do Novo Marco Regulatório do Saneamento, da MP do Trilhão, e pela auditoria da dívida pública.

E essa turma de “liberais” do PT não tem um pingo de vontade sequer de mexer em qualquer desses vespeiros.

Zé Maria

Governo Trabalhista do Reino Unido da Grã-Bretanha
inicia REESTATIZAÇÃO da operação de trens na Inglaterra.

Operadora South Western Railways voltou ao controle público após término da concessão.

Plano de Reestatização de toda a rede ferroviária inglesa
deve ser concluída até 2027

Os sistemas ferroviários da Irlanda do Norte, da Escócia
e do País de Gales já são todos controlados pelo Estado.

A operadora de trens britânica South Western Railways,
que oferece serviços em Londres e nas regiões sudeste
e sudoeste da Inglaterra, voltou às mãos do Estado
neste domingo 25, dando início à reestatização da operação de trens almejada pela população inglesa.

As ferrovias privadas britânicas têm hoje uma reputação
ruim, com cancelamentos frequentes, preços altos de
agens e confusão sobre em quais linhas as
agens podem ser usadas.

Os sindicatos dos ferroviários, que fizeram várias greves
por causa de salários nos últimos anos, também ficaram
satisfeitos com a reestatização.

“Todos no setor ferroviário sabem que a privatização (…)
não funcionou e não funciona”, disse Mick Whelan,
secretário-geral do sindicato Aslef.

Os serviços ferroviários do Reino Unido foram
privatizados
em meados da década de 90, no governo do premiê
conservador (de direita) John Major.

A maioria trabalhista aprovou no final de novembro uma lei que determina a nacionalização das operadoras privados ao final de suas concessões (ou até mesmo antes, em caso de má gestão) para reuni-las em um organismo chamado “Great British Railways”.

As 14 operadoras ferroviárias privadas do país fossem
colocadas novamente sob controle público quando seus
contratos expirassem – todos eles terminarão no
máximo em 2027 – ou antes, em casos de desempenho
insatisfatório.

Os serviços das operadoras Southeastern e da Eastern
devem ser estatizados até o final de 2025.

Quatro operadoras já haviam sido colocadas sob controle público devido ao mau desempenho.
No caso da South Western Railways, a concessão expirou.

A espera pelo término dos contratos permite, segundo
o governo, evitar o pagamento de indenizações às atuais
operadoras.

O governo trabalhista afirma que a reestatização
economizará até 150 milhões de libras (R$ 1,1 bilhão)
por ano em compensações pagas às operadoras ferroviárias.

[Com Informações de
Deutsche Welle (DW) e
Agence -Presse (AFP]
https://www.cartacapital.com.br/mundo/reino-unido-inicia-reestatizacao-da-operacao-de-trens/
https://viomundo-br.noticiasdetocantins.com/global/2025/5/25/potncia-europeia-inicia-processo-para-reestatizar-toda-sua-malha-ferroviaria-180005.html

.

Miriam Lopes

Será que 1.500.000 tuítes de trabalhadores e sindicalistas reverteriam a deforma trabalhista? O Lula, o Haddad e o governo, parecem que só ouvem e pedem a opinião do mercado abutre financeiro especulativo. E dá-lhe transferência de renda para esse setor e em vez de diminuir, aumento da desigualdade social.

Zé Maria

Será que o Governo Lula tem Medo da Burguesia Fascista?

https://www.cartacapital.com.br/politica/fator-nikolas-ferreira-influenciou-tomada-de-decisao-rapida-do-governo-sobre-iof/

Zé Maria

Depois não sabem explicar por que no Brasil,
ostentando ser a Oitava ou Nona Maior
Economia (PIB) do Planeta, ainda existem
pessoas sem teto e com fome no País.

Montenegro

Exatamente, fala fino com o “Deus Mercado” e grosso com o Povo!

Zé Maria

1500 bots de Especuladores Financeiros são “o País”?

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