Hugo Souza: Se é para revogar decretos por tuítes irritadiços, melhor dar chave da Fazenda a um faria limer
Tempo de leitura: 2 min
Formas de ouvir o país
Se é para revogar decretos por causa de tuítes irritadiços, melhor entregar a chave da Fazenda a algum faria limer que o usa o troco da “farinha” ou do almoço no Baleia Rooftop para comprar bots no X.
Por Hugo Souza, no Come Ananás
Horas depois de baixar um decreto com novas regras para o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), o governo Lula decidiu recuar da taxação em 3,5% das aplicações feitas por fundos de investimento brasileiros no exterior.
Esses fundos especulativos não pagavam nem IOF nem Imposto de Renda sobre o dinheiro que usam para fazer dinheiro fácil em outros países, ainda mais fácil e com menor risco que no Brasil.
Ou melhor: seguirão nada pagando em impostos, após a revogação a jato do decreto. O Ministério da Fazenda disse que decidiu pelo recuo após “ouvir o país”.
Em matéria sobre o recuo da Fazenda, a Folha informa que a plataforma BuzzMonitor identificou nesta quinta-feira, 22, 1.500 postagens nas redes sociais com menções às novas regras do IOF. A plataforma chama essas 1.500 postagens – repetindo: apenas 1.500 postagens – de “pico histórico” e informa que 74% delas tinham conotação negativa.
Caso o governo comece a revogar decretos de controle de pragas, como a proliferação de abutres, por causa de 1.110 tuitadas irritadiças, seria o caso de entregar a chave do Ministério da Fazenda a algum “faria limer” que o usa o troco da “farinha” ou do almoço mediterrâneo no Baleia Rooftop para comprar bots no X.
No Estadão, matéria sobre o decreto publicada antes do recuo do governo dizia que a cobrança de 3,5% sobre o valor da especulação rentista no exterior “poderá inviabilizar esse tipo de investimento, o que tem sido considerado um grande retrocesso por especialistas”.
Enquanto revoga a jato medida desvantajosa para o “investidor”, seguem vigentes as medidas de arrocho ao trabalhador, ao professor e ao estudante que num tempo que já vai longe tinha-se o propósito de reverter.
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Parece que ninguém no governo foi “ouvir o país” para revogar os cortes quentinhos nas Universidades, nem o arrocho de mais de R$ 30 bilhões no Orçamento, e a revogação da reforma trabalhista de Michel Temer sumiu do horizonte ainda na época de outro “ajuste”: da primeira para a definitiva versão do “programa de reconstrução e transformação do Brasil” – o plano de governo apresentado pela coligação “Brasil da Esperança” em 2022.
Na primeira versão do plano de governo Lula-Alckmin, constava “a revogação da reforma trabalhista feita no governo Temer e a construção de uma nova legislação trabalhista”.
Na derradeira, ajustou-se para “reconstrução da seguridade e da previdência social, para ampla inclusão dos trabalhadores e trabalhadoras, por meio da superação das medidas regressivas e do desmonte”.
Alguém se lembra do nome do grande cúmplice de Temer na instauração do reino da vara e do chicote, na reforma trabalhista de 2017? Foi Rodrigo Maia, então presidente da Câmara dos Deputados.
Hoje, Rodrigo Maia é presidente da Confederação Nacional das Instituições Financeiras, poderoso lobby das aves de rapina necrófagas, essas referidas pelos jornalões como “especialistas” e a quem o Ministério da Fazenda se refere, no duro, quando fala em “ouvir o país”.
*Este artigo não representa obrigatoriamente a opinião do Viomundo.
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Comentários
Nelson
ESTAS SÃO INFORMAÇÕES SOBRE AÇÕES DO GOVERNO LULA III ENVIADAS POR SUA COMUNICAÇÃO:
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Energia mais barata para todos os brasileiros. 💡
O governo do presidente Lula enviou hoje ao Congresso Nacional a Medida Provisória que visa reestruturar o setor elétrico no Brasil. A MP propõe:
– gratuidade na conta de luz para 60 milhões de pessoas ✅
– desconto na conta de luz para 55 milhões de pessoas ✅
– abertura de mercado para gerar concorrência ✅
– justiça tarifária: quem consome mais, paga mais ✅
Assim como a proposta do fim do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, a MP do setor elétrico é um o decisivo no combate às desigualdades no Brasil. 🇧🇷
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📲 Digital/PR
🔁 Governo do Brasil
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Diante do que li, tive que escrever
UM BREVE COMENTÁRIO CRÍTICO AO COMUNICADO.
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Sim, eu sei que na atual conjuntura, de correlação de forças amplamente desfavorável, é impossível pedir medidas mais incisivas para, pelo menos, reduzir um pouco o poder desmesurado que o grande capital privado exerce sobre o setor de energia elétrica.
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Mas, cá entre nós, o que temos aqui é a amenização da penúria dos mais pobres, aliviando seus gastos com a energia elétrica, a penalização dos setores médios e remediados da população, que continuarão a pagar tarifa elevada, enquanto os lucros fabulosos do grande capital estarão preservados.
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Enfim, é, outra vez, o Estado que está a garantir alguma paz e justiça social no país e também os lucros do grande capital privado. Mais uma vez, vemos se confirmar a assertiva do eminente economista canadense, John Kenneth Galbraith: “tire-se o Estado da economia e o capitalismo não dura um dia sequer”.
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Vemos se confirmar também que a solução verdadeira para a questão da energia elétrica a, inexoravelmente, pela reestatização integral do setor. Se quisermos ter energia elétrica fornecida a preço justo para o nosso povo e também para as micro, pequenas e médias empresas – para viabilizar a reindustrialização do país – não há outro caminho a seguir.
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Então, os responsáveis pela comunicação do governo Lula III poderiam nos poupar dessa alegação absurda de que o governo procederá à “abertura de mercado para gerar concorrência”. Lérias. Concorrência num setor monopólico por natureza?
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O setor elétrico era uno e quase todo estatal. Então, o governo do entreguista-mor, Fernando Henrique Cardoso, o dividiu em três segmentos, geração, transmissão e distribuição.
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FHC alegava que abrindo o setor à concorrência os preços da energia iriam baixar. “Conversa pra boi dormir”, como dizia o meu pai; essa redução de preço nunca se consumou. Pelo contrário, as tarifas de energia elétrica subiram muito acima da inflação após a entrega do setor ao capital privado, evidenciando que a privatização visava apenas abrir espaço para mais negócios e lucros do grande capital privado.
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Fragmentado o setor elétrico em três segmentos, grandes corporações privadas ariam a “repartir o butim”, certas de que caberia ao povão, pequeno e médio empresariado incluídos, graças a tarifas escorchantes, garantir seus suculentos lucros.
Nelson
O discurso simplesmente não fecha com a prática. Fala-se em reindustrializar o país, mas nada é feito para recuperar, para estrito controle estatal, setores como energia elétrica, petróleo, saneamento, infraestrutura de transportes, etc.
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Vamos olhar a coisa pela lógica capitalista. Tudo, ou praticamente tudo, está privatizado e nada se faz para reverter o quadro. Pelo contrário, o governo Lula III vem privatizando a rodo, rodovias, ferrovias e até hidrovias.
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Assim, como é que as empresas brasileiras vão conseguir sobreviver se obrigando a pagar tarifas escorchantes?
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Não, as tarifas não vão baixar, simplesmente porque quem está a fornecer todos esses insumos, empresas privadas, querem é extrair o máximo de lucro que puderem; não estão nem aí, não têm qualquer compromisso com um projeto de país.
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Não há milagres. Não podemos exigir que as empresas privadas no coletivo, na comunidade, na nação. Tais empresas existem para extraírem lucros, crescentes, para seus donos e/ou acionistas. Essa é a sua lógica, inarredável, de funcionamento.
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Assim, se o objetivo é realmente a recuperação e reconstrução do país, não há outro caminho a não ser o de colocar o Estado novamente no comando firme da nação.
Nelson
Não há uma privatização sequer que tenha entregado aquilo que a avassaladora propaganda prometia. Dizia a propaganda que, no quase-paraíso em que aríamos a viver a partir das privatizações, aríamos a pagar preços e tarifas mais baixos para produtos e serviços de melhor qualidade.
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Nem uma nem outra. Pelo contrário, os preços e tarifas aumentaram muito acima da inflação. Já a qualidade de produtos e serviços, quando não caiu ficou no mesmo nível da oferecida pelo Estado.
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Um dos problemas é que o PT está apinhado de “liberais” e essa turma comporta a maioria da parte do partido que ocupa cargos no governo federal. Não se expõem abertamente, mas são liberais – ainda que o liberalismo econômico não e de uma quimera – e não têm um projeto verdadeiro de reconstrução e reindustrialização do país.
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A reconstrução do Brasil a, inexoravelmente, pela reestatização de todo o patrimônio e riquezas que são do povo, mas que foram entregues criminosamente por vendilhões da pátria ao grande capital, nacional e estrangeiro.
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E a também, entre outras medidas, pela revogação das “reformas” Trabalhista, da Previdência, do “Teto dos Gastos”, do Novo Marco Regulatório do Saneamento, da MP do Trilhão, e pela auditoria da dívida pública.
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E essa turma de “liberais” do PT não tem um pingo de vontade sequer de mexer em qualquer desses vespeiros.
Zé Maria
Governo Trabalhista do Reino Unido da Grã-Bretanha
inicia REESTATIZAÇÃO da operação de trens na Inglaterra.
Operadora South Western Railways voltou ao controle público após término da concessão.
Plano de Reestatização de toda a rede ferroviária inglesa
deve ser concluída até 2027
Os sistemas ferroviários da Irlanda do Norte, da Escócia
e do País de Gales já são todos controlados pelo Estado.
A operadora de trens britânica South Western Railways,
que oferece serviços em Londres e nas regiões sudeste
e sudoeste da Inglaterra, voltou às mãos do Estado
neste domingo 25, dando início à reestatização da operação de trens almejada pela população inglesa.
As ferrovias privadas britânicas têm hoje uma reputação
ruim, com cancelamentos frequentes, preços altos de
agens e confusão sobre em quais linhas as
agens podem ser usadas.
Os sindicatos dos ferroviários, que fizeram várias greves
por causa de salários nos últimos anos, também ficaram
satisfeitos com a reestatização.
“Todos no setor ferroviário sabem que a privatização (…)
não funcionou e não funciona”, disse Mick Whelan,
secretário-geral do sindicato Aslef.
Os serviços ferroviários do Reino Unido foram
privatizados
em meados da década de 90, no governo do premiê
conservador (de direita) John Major.
A maioria trabalhista aprovou no final de novembro uma lei que determina a nacionalização das operadoras privados ao final de suas concessões (ou até mesmo antes, em caso de má gestão) para reuni-las em um organismo chamado “Great British Railways”.
As 14 operadoras ferroviárias privadas do país fossem
colocadas novamente sob controle público quando seus
contratos expirassem – todos eles terminarão no
máximo em 2027 – ou antes, em casos de desempenho
insatisfatório.
Os serviços das operadoras Southeastern e da Eastern
devem ser estatizados até o final de 2025.
Quatro operadoras já haviam sido colocadas sob controle público devido ao mau desempenho.
No caso da South Western Railways, a concessão expirou.
A espera pelo término dos contratos permite, segundo
o governo, evitar o pagamento de indenizações às atuais
operadoras.
O governo trabalhista afirma que a reestatização
economizará até 150 milhões de libras (R$ 1,1 bilhão)
por ano em compensações pagas às operadoras ferroviárias.
[Com Informações de
Deutsche Welle (DW) e
Agence -Presse (AFP]
https://www.cartacapital.com.br/mundo/reino-unido-inicia-reestatizacao-da-operacao-de-trens/
https://viomundo-br.noticiasdetocantins.com/global/2025/5/25/potncia-europeia-inicia-processo-para-reestatizar-toda-sua-malha-ferroviaria-180005.html
.
Miriam Lopes
Será que 1.500.000 tuítes de trabalhadores e sindicalistas reverteriam a deforma trabalhista? O Lula, o Haddad e o governo, parecem que só ouvem e pedem a opinião do mercado abutre financeiro especulativo. E dá-lhe transferência de renda para esse setor e em vez de diminuir, aumento da desigualdade social.
Zé Maria
Será que o Governo Lula tem Medo da Burguesia Fascista?
https://www.cartacapital.com.br/politica/fator-nikolas-ferreira-influenciou-tomada-de-decisao-rapida-do-governo-sobre-iof/
Zé Maria
Depois não sabem explicar por que no Brasil,
ostentando ser a Oitava ou Nona Maior
Economia (PIB) do Planeta, ainda existem
pessoas sem teto e com fome no País.
Montenegro
Exatamente, fala fino com o “Deus Mercado” e grosso com o Povo!
Zé Maria
1500 bots de Especuladores Financeiros são “o País”?